Fundada em 2002, a Crocs fez grande sucesso cinco anos depois e quase chegou à falência durante a crise de 2008. Mas com uma reestruturação interna recuperou fôlego e, desde 2016, tem apostado em colaborações ousadas. O que ninguém esperava é que após quase duas décadas de criação, a marca representasse não só uma potente tendência como também se tornasse líder de vendas no setor.
Com o advento da pandemia, o crescimento do home office neste período impulsionou o retorno do estilo “comfort wear”, surgido no final do século 20. Em videochamada, ninguém sabe o que tem da cintura para baixo, você usa roupas confortáveis e que sejam bem fáceis de fazer assepsia.
Os sapatos da Crocs são fabricados a partir de uma leve resina de célula fechada, a croslite, o que traz seu aspecto espumoso e antiderrapante. O modelo mais tradicional é o Classic Clog, com design de barco e buracos na parte superior onde é possível colar adereços, os jibbitz.
Outras duas tendências rondam o boom da marca, a do ugly shoes (sapatos feios, em inglês), que tem vendido uma série de peças bizarras, e a do “kidcore”, o estilo nostálgico que abusa de cores quentes e acessórios infantis retrô.
MODELOS INUSITADOS
O que chama atenção é que a empresa não abandonou seu estilo tradicional e nem deixou de apostar em modelos inusitados. A realidade é exatamente o contrário. Recentemente, por exemplo, a imagem de um crocs sustentado por um fino salto alto rendeu polêmica nas redes sociais. Enquanto alguns criticaram fortemente o design do sapato, outros consideraram a ideia criativa e adequada às tendências do mercado, que têm se encaminhado para desenhos que priorizam o conforto.
O item é uma colaboração da marca com a grife espanhola Balenciaga e será lançado na temporada primavera-verão de 2022. O sapato será vendido nas cores preto, cinza e verde-folha.
APOSTAS DIFERENTES
Em fevereiro do ano passado, a Crocs se uniu à franquia de fast food KFC e lançou um calçado totalmente inspirado nos famosos baldes gordurosos vendidos pela rede de restaurantes. O item, que contém jibbitz em formato – e com o cheiro – de coxas de frango, foi um sucesso de vendas.
Mas nem só de frango frito vivem essas parcerias. A primeira delas ocorreu em 2016 e foi lançada na passarela pomposa da Semana de Moda de Londres, com o designer Christopher Kane, que ali expôs um crocs cristalizado, de mármore e diamante, que causou espanto em muita gente.
Além da Christopher Kane, a Crocs já fez colaborações com outras grifes, como a Alfie – com sapatos de meias acopladas -, Barneys New York – com correntes punk e pingentes pontudos -, Chinatown Market – com grama sintética -, Gucci – com o logo da italiana -, e Balenciaga – com plataformas robustas, além dos recém saltos anunciados. Músicos como Justin Bieber, Diplo, Post Malone e Bad Bunny também já assinaram modelos da marca.
Em meio ao tradicional glamour dos tapetes vermelhos, o Oscar desde ano, que exibiu uma alta-costura casual, trouxe o tão polêmico Classic Clog da Crocs. Cromados em ouro, os calçados do músico Questlove, estilizados por Rebecca Pietri, foram polêmicos e audaciosos.
Se o futuro da Crocs será essa do humilhado exaltado, ainda é um mistério. Para isso, a marca precisará provar que não é só o sapato de ficar em casa. É necessário mostrar que os crocs também são os sapatos que vão às ruas.
Crocs – Amar ou odiar, faça a sua escolha.